Sistema Eletrônico de Administração de Conferências - UDESC, III Seminário Internacional História do Tempo Presente - ISSN 2237 4078

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Política Familiar e Bem Estar do Menor: Gênero, moralidade e família em debates sobre a marginalização social no Brasil (1966-1978)
Camila Serafim Daminelli

Última alteração: 2017-10-14

Resumo


Durante a implantação da Política Nacional do Bem Estar do Menor, nos primeiros dez anos do regime militar brasileiro, os debates sobre marginalização social ganharam caráter oficial através da publicação da revista Brasil Jovem. Este periódico, porta voz da Fundação Nacional do Bem Estar do Menor – FNBEM, ou ainda, Funabem, passou a ser editado em 1966 com o objetivo de popularizar o ideário e as diretrizes da política nacional voltada aos infantojuvenis, promover o projeto assistencial em curso e também, como um esforço para estimular ações comunitárias de prevenção da marginalização social da infância e da juventude. As políticas sociais para a população infantojuvenil foram executadas pela Funabem em duas frentes: a prevenção e o tratamento. Enquanto o tratamento se ocupava da infância e da juventude em avançado estado de marginalização – os chamados abandonados e os infratores –, as políticas de prevenção voltaram esforços para o fortalecimento das famílias e para a manutenção da criança e do jovem na comunidade de origem. Uma série de reportagens veiculadas em Brasil Jovem tinha a dinâmica e a composição familiar como foco, algumas redigidas pelos editores da revista, outras, compiladas de periódicos de circulação nacional e internacional sobre temáticas ligadas ao abandono, à pobreza e às políticas sociais. A tensão entre a dinâmica das famílias pobres e a noção de Bem Estar do Menor é o foco desta comunicação, que analisa os discursos sobre a marginalização social da infância e juventude em Brasil Jovem, na intersecção entre família, moralidade das condutas e relações de gênero. As reportagens apresentavam as famílias carenciadas sob olhares profundamente moralistas, nos quais os papéis de gênero almejados estão ausentes e a inadequação parental é entendida como propulsora da própria marginalização social e, sobretudo, de sua prole.


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