Este texto faz parte das reflexões da pesquisa ARQUIVO E TESTEMUNHO DE VIDAS INFAMES: O QUE RESTA A DIZER. Refere-se a um manifesto em relação às vicissitudes do trabalho realizado desde 2001 no Acervo da Oficina de Criatividade do Hospital Psiquiátrico São Pedro, e à aposta em nossos estudantes-pesquisadores. O laboratório em que se transformou a Oficina não passa despercebido. Sabemos que foi feito a contrapelo do arquivo hospitalar e corre riscos de ver-se desassistido em recursos para sua manutenção. A luta para o seu sustento é diária. Nossas palavras foram disparadas de um desejo de dizer como nos movimentamos no espaço do campo concentracionário. Nossos possíveis equívocos talvez sejam mais reveladores do que nossos acertos. Firmamos nossa intenção de não deixar de operar no curso dos acontecimentos, pois sabemos, como Deleuze, que podemos compreender todas as violências em uma só violência, em um só acontecimento que não deixa mais lugar ao acidente, que denuncia e destitui a potência do ressentimento no indivíduo e a da opressão da sociedade.