Última alteração: 2021-06-16
Resumo
Consideramos que as cidades, tal qual a própria História, são uma construção do seu tempo, ou seja, cada geração tem o poder de construir, desconstruir e impor olhares sobre esse objeto, o que Henry Rousso (2016) categorizou por regime de historicidade, como sendo uma consciência ou percepção de si, uma relação da sociedade com seu passado. Desse modo, analisando a cidade como um espaço que corresponde a um viver próprio de seu tempo, tal artigo tem como objetivo analisar/compreender a cidade de Feira de Santana - Bahia (1910-1960) e toda sua complexa tessitura de paisagens perpassando pelas categorias de análise da aceleração da história e do tempo problematizadas por Reinhart Koselleck em "Estratos do tempo"; suas ruas, praças, meios de transportes, lojas, luzes, tecnologias, seus sujeitos e suas experiências. Atentamo-nos à ascensão da concepção de um "novo tempo"; tal percepção nos faz refletir sobre a necessidade de pensar a ideia do "novo" como característica da modernidade e do progresso em Feira de Santana. Assim, a inovação, a modernidade e o progresso seriam característicos de temporalidades diversas na história. De antemão, corroboramos com Koselleck ao contrapor essa perspectiva apontando que todo tempo é simultaneamente espaço de inovação e repetibilidade, visto que a característica de inovação marcante na modernidade é dissolvida argumentativamente através da concepção de tempo em estratos, o que gera uma compreensão mais complexa dessa temporalidade.
Palavras-chave: Feira de Santana, estratos do tempo, memória, aceleração da história.