Última alteração: 2021-06-12
Resumo
Assumindo a colonialidade como uma construção histórica que perpassou as diferentes temporalidades e se instituiu na sociedade ocidental moderna enquanto um poder hegemônico, fomentando, assim, colonialismos internos na formação dos Estados-nação latino-americanos, diversos países foram palco de conflitos e disputas políticas em seus territórios, dentre eles, o México com a ascensão do movimento neozapatista, no ano de 1994 – movimento este que alegou ser produto de mais de 500 anos de lutas. Destarte, no ano de 2001, após guerrilhas e diálogos, o Exército Zapatista anunciou para o dia 24 de fevereiro, data em que se comemora o Dia da Bandeira Nacional no México, o início de uma grande mobilização em defesa da dignidade indígena: a Marcha del Color de la Tierra. Isto posto, o presente trabalho tem como objetivo compreender os processos sociais que culminaram com a insurgência zapatista e, por conseguinte, com o acontecimento da marcha, bem como, perscrutar as histórias e disputas que há por trás dessa manifestação, escolhida para ocorrer em uma data simbólica de comemoração nacional. Compreendendo o ato comemorativo diretamente relacionado com os usos sociais, culturais e políticos da memória, em suma, reconhecemos a Marcha del Color de la Tierra como um importante movimento de contestação da memória histórica hegemônica colonial construída no México moderno, bem como um espaço de disputas políticas e constituição de resistências ao colonialismo interno que assola os povos indígenas, camponeses e minorias, em geral, no cenário mexicano.
Palavras-chave: Colonialismo; Zapatismo; Memória; História do Tempo Presente; História da América.