Discutimos no artigo a narrativa virtual das ocupações estudantis realizada pelos grupos de jovens que participaram do movimento na cidade de Caxias do Sul/RS, entre maio e junho de 2016. Para isso, analisamos os materiais textuais e imagéticos veiculados pelas e pelos estudantes nas redes sociais virtuais, em especial nas páginas das ocupações criadas no site Facebook. A experiência com os meios de socialização virtual pregressa das e dos jovens possibilitou a circulação alternativa de informações acerca dos acontecimentos nas escolas, bem como a divulgação das reivindicações dos grupos, delimitando suas identidades militantes. As reflexões propostas ancoram-se em abordagens metodológicas que tematizam acerca do uso de fontes virtuais na pesquisa acadêmica e no arcabouço teórico-conceitual que busca compreender e problematizar as relações entre a História do Tempo Presente e a construção narrativa memorialística individual e coletiva, nas formações sociais hodiernas. Consideramos que as ocupações estudantis potencializaram a capacidade de problematização da realidade social complexa por parte das e dos estudantes envolvidos, pois possibilitaram a construção de espaços de trocas horizontais e democráticos e privilegiaram aspectos da cultura juvenil, antes proibidos na escola. A narrativa virtual das ocupações criada pelos grupos de jovens, em grande parte, enaltece as aprendizagens compartilhadas e a formação política resultante da experiência de ocupação.

Palavras-chave: Ocupações estudantis, História do Tempo Presente, movimento estudantil, narrativa virtual.