Este trabalho, por meio de aportes teóricos do campo de estudos pós-coloniais e decoloniais, se pauta na construção de estratégias outras no ensino de História de África que, dentro dos parâmetros estabelecidos pela Lei 10.639/2003, contemplem as populações africanas como protagonistas de suas histórias, para além de uma perspectiva eurocentrada que prevalece nas produções de material didático que abordam essa temática. Para tal intento, propomos o diálogo da História com a Literatura, particularmente a literatura da nigeriana Flora Nwapa, considerando primeiro que, por meio deste diálogo, é possível perceber a importância do uso de narrativas históricas na aprendizagem escolar, acreditando que a escrita de Flora, portanto, seu testemunho histórico, nos possibilitará construir uma interpretação das vivências de mulheres africanas pós-independência na Nigéria. Segundo, porque encontramos na literatura o indicativo maior deste protagonismo à medida em que os sujeitos desenvolvem sua própria narrativa. O uso da obra literária como fonte para o estudo da História vem ao encontro com os mais recentes debates acerca da aprendizagem histórica em sala de aula, não apenas como confirmação de dados e informações, mas como fonte de evidência histórica que possibilite ao aluno comparar e dialogar com perspectivas outras, observar mudanças, permanências e promover uma reflexão sobre o tempo presente.

Palavras-chave: História de África, Ensino de História, Literatura.