Este artigo tem como objetivo pensar o RAP como uma forma de narrativa acerca de acontecimentos históricos com base na música ‘Povo no Poder’ (2008), do rapper Azagaia. Resultado de eventos ocorridos em Maputo e Matola, capital e distrito de Moçambique, em fevereiro de 2008, a música versa, a partir da perspectiva do autor, sobre as motivações que levaram o povo a se manifestar e evidencia a repressão policial por parte do governo. Além da música, serão analisadas uma entrevista realizada com o rapper em 2018 e reportagens em sites de notícia acerca do evento em questão. A narrativa é utilizada tanto pela História, quanto pela música RAP, como uma forma de compartilhar as experiências vividas através do tempo, entretanto, é possível produzir conhecimento histórico fundamentado na arte, em especial, na música RAP? Quais evidências acerca de processos históricos ocorridos em Moçambique podem ser possíveis de apreender a partir da música Povo no Poder? As reflexões deste trabalho estão alicerçadas no campo de estudos pós-coloniais e decoloniais, que são distintos, porém, se aproximam no propósito de questionar as tradições eurocêntricas que fundamentam as percepções estereotipadas acerca das populações em África desde o início da modernidade, resultando nas formas de dominação sofisticadas da colonialidade, bem como na perspectiva da História do Tempo Presente ao refletir acerca de um passado ainda presente em Moçambique.

Palavras-chave: História do Tempo Presente, Estudos Africanos, Moçambique.