Última alteração: 2021-06-16
Resumo
Trata esta comunicação de um fragmento de minha tese de doutorado intitulada “Narrativas maternas, imagens do tempo presente”, oportunidade em que escrevi sobre duas histórias que minha mãe contava sobre a escolha de meu nome, são elas, Homônimas e (I)reconhecimento. Ao rememorá-las, tratei como mônadas, abordagem metodológica apontada por Walter Benjamin em Infância em Berlim por volta de 1900. Ao escrever, fui guiada pelas memórias que tenho das narrativas maternas e pelas imagens ficcionais-reais que povoam meu imaginário. Adentro a esse labirinto de imagens segurando a ponta de um fio, um fio-voz que ecoa no tempo presente fazendo reverberar histórias que minha mãe contava sobre Luzia Miyamoto, a prima de meu pai prometida a ele em casamento. Contava minha mãe que ao empunharem a faca para cortar o bolo da festa de casamento, esse se partiu ao meio, mal presságio? As luzes se apagaram, incensos foram acesos. Na lua de mel o mal presságio se cumpriu, e Luzia Miyamoto não voltou para seus vestidos que minha mãe viu pendurados em seu armário, predominavam os tons azuis, discretos. Ao rememorar essa narrativa, fui levada a imaginar como seria o rosto de uma mulher que poderia ecoar a dor de tantas outras que se casaram sob um arranjo matrimonial tramado pelos pais. Nessa fabulação me apropriei artisticamente de uma imagem do livro de Nobuyoshi Araki, um artista japonês que fotografou sua esposa Yoko Araki em lua de mel em 1971.
Palavras chaves: narrativas, memórias, fotografia, ruído.