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Quando a telenovela Explode Coração foi lançada pela Rede Globo em 1995, explorando o tema do fenomeno “futurista” da internet no Brasil e tendo como pano de fundo uma comunidade cigana tradicional no Rio de Janeiro, a audiência ficou perplexa. Naquela época, a maioria dos brasileiros não tinha ainda acesso a computadores, internet e muito menos conhecimento a respeito dos ciganos. Apesar deste fato, a novela foi um enorme sucesso, e desencadeiou não somente um maior interesse a respeito da internet como um forte interesse pela cultura cigana. Esse trabalho analisa a cultura cigana abordada na obra de ficção de “Explode Coração” que combina um contexto futurista com a tradição cigana em contraste com a narrativa da líder cigana Mirian Stanescon em entrevistas concedidas em 2007. Seguindo o modelo metodológico de Luisa Passerini irei interpretar a subjetividade do depoimento de Mirian Stanescon como fenômeno histórico e analisar os conteúdos culturais e de identidade a partir do viés teórico de Michael Jackson, no intuito de “fazer justiça à complexidade da experiência pessoal”. Ambos os autores observam que a relevância da memória não está na eventual consistência real ou na veracidade dos fatos, mas na força das experiências e dos significados vividos e relembrados, e em como estes foram importantes para a reconstituição da história do indivíduo e de sua coletividade no tempo presente.