Sistema Eletrônico de Administração de Conferências - UDESC, III Seminário Internacional História do Tempo Presente - ISSN 2237 4078

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A estética do vil: filosofia e música popular
Ivan de Bruyn Ferraz

Última alteração: 2017-10-16

Resumo


A enormidade de trabalhos desenvolvidos atualmente nos mais diversos campos das Humanidades no Brasil a respeito de música popular não encontra correspondência na área da Filosofia. Aqui, parece ainda imperar a ideia de que uma “estética da música popular” é uma contradição em termos. Uma exceção a esse quadro é o conceito de “constructo estético social” desenvolvido pelo filósofo brasileiro Rodrigo Duarte. Tendo em vista o panorama atual de produções acadêmicas a respeito da música popular no Brasil, gostaríamos de considerar aqui a hipótese desse conceito amparar filosoficamente uma tendência de pesquisas desenvolvidas sobretudo nas áreas de Sociologia e – em menor escala mas talvez com maior impacto – em certa crítica estética que, inspirada na linha de Antonio Candido e Roberto Schwarz, vem sendo empreendida na área de Letras. Como contraponto, procuramos considerar o quanto as concepções do filósofo norte-americano Theodore Gracyk podem, por sua vez, amparar certa tendência de produções que vem sendo desenvolvida sobretudo nas áreas de Etnomusicologia e de Antropologia Social. Pairando como pano de fundo da contraposição, a dicotomia entre uma espécie de “universalismo” que, por mais cuidadoso que seja, não pode evitar de ser considerado autoritário (na medida em que, mantendo o critério de negatividade, corre sempre o risco de incorrer, em maior ou menor grau, nos mesmos “vícios” da tradição culta que tiveram de ser questionados para que a própria música popular pudesse ser elevada a objeto de estudo), e uma espécie de “relativismo” que, da mesma maneira, não pode evitar de ser acusado de irresponsável (na medida em que, levando ao extremo a recusa do eurocentrismo, do etnocentrismo e do evolucionismo, sem poder apelar a novos fundamentos que não contradigam a própria desconstrução, corre sempre o risco de incorrer numa conservadora aceitação feliz do existente).


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