Sistema Eletrônico de Administração de Conferências - UDESC, III Seminário Internacional História do Tempo Presente - ISSN 2237 4078

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Entre cassetetes e tijolos: Cultura, Política e Mídia na greve da construção civil curitibana de 1979
Luis Felipe Genaro

Última alteração: 2017-10-12

Resumo


Busca-se neste artigo discutir o conceito de Cultura Operária ao abordar as inúmeras práticas, vivências e experiências cotidianas das classes trabalhadoras urbanas, focalizando o operariado da construção civil, responsável por engrossar uma onda de movimentos grevistas e insurrecionais no Brasil do final da década de 1970 e início de 1980, período que se fiava a chamada “redemocratização”. Para construirmos a nossa argumentação, utilizamos três autores principais: Marcia Célia Paoli, Salvador Sandoval e Nair Heloísa Bicalho de Sousa – tais autores fizeram de suas carreiras acadêmicas poderoso instrumento de crítica, analisando histórica e sociologicamente as lutas e resistência do heterogêneo operariado brasileiro. Com base em nossas fontes primárias – o periódico Gazeta do Povo – aprofundar nossa análise com base em um acontecimento histórico de curta duração, mas com grande impacto no movimento operário nacional: a greve da construção civil curitibana de novembro de 1979. Através de notícias e editoriais registrados nas páginas do jornal, adentramos o mundo do trabalho de uma categoria marginalizada e excluída do leque de direitos e cidadania, ainda cambaleantes dado a força da ditadura civil-militar há décadas instaurada no país. Alguns autores nos auxiliam na busca da compreensão do jornal como fonte histórica, em uma leitura crítica ao discurso jornalístico e como suporte de pesquisa, como Renée Zicman Barata, Tânia Regina de Luca, Noam Chomsky e Douglas Kellner. Através de nossa fonte, contextualizando historicamente o movimento grevista de 1979, levantamos questões variadas envolvendo a luta dos trabalhadores, a sua afirmação no campo social e política, sempre como norte a controversa conceituação “cultura popular” ou “cultura operária”, observando a interferência da grande mídia na chamada “cultura de massas”, apontando como o conceito de violência – presente na onda de greves à época – pode atravancar ou elucidar debates, e, por fim, as rupturas e elos possíveis entre os campos da política, da cultura, do trabalho e da mídia no período proposto e as comparações com o tempo imediato.


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