Sistema Eletrônico de Administração de Conferências - UDESC, III Seminário Internacional História do Tempo Presente - ISSN 2237 4078

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“Para os céticos, a imprensa é papel pintado. Para nós, é papel sagrado”: o suplemento da Folha de S. Paulo para o golpe de 1964
Kelly Yshida

Última alteração: 2017-10-12

Resumo


Os estudos sobre a ditadura instaurada no Brasil em 1964 demonstram que a mesma recebeu incentivos de civis e empresas que tinham interesse tanto em barrar os rumos políticos e econômicos em curso, quanto em apoiar a iniciativa dos militares no golpe. Desta forma, no dia 31 de março de 1964, a Folha de S. Paulo publicou um suplemento especial de quarenta e quatro páginas intitulado “64 – Brasil Continua”, com mensagens otimistas e a ênfase de que o país tinha vocação para a ordem e para o trabalho. Além disso, havia diversos anúncios publicitários que estavam em consonância com o discurso do suplemento e cuidadosamente dispostos nele. A narrativa apresentava como estruturar o progresso da indústria e do comércio, onde os trabalhadores eram apenas peças em uma engrenagem maior. Enquanto isso, os empresários eram postos como centrais neste processo e vozes legítimas para ditar os melhores rumos para o país. No mesmo encarte era publicada a história da empresa de comunicação que se colocava como atuante naquele momento, destacava seu sucesso e apresentava ao leitor o que considerava ser a função da imprensa. A Folha buscava fazer jus ao seu slogan: “Um jornal a serviço do Brasil”. Mas, sabe-se que a imprensa não é neutra, ainda mais a que partilha da lógica do mercado, suas disputas e interesses. Sendo assim, este suplemento é significativo para entendermos a relação entre os meios de comunicação, o empresariado e a política orquestrada pelos militares no início de 1964.

 


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