Sistema Eletrônico de Administração de Conferências - UDESC, III Seminário Internacional História do Tempo Presente - ISSN 2237 4078

Tamanho da fonte: 
“Clara, abre o pano do passado”: a experiência de construção do Memorial Clara Nunes
Silvia Maria Jardim Brügger

Última alteração: 2017-10-15

Resumo


A proposta é narrar a experiência de montagem de um espaço de memória, a partir do acervo pessoal da cantora Clara Nunes (1942-1983). Há cerca de 12 anos atrás, em virtude de um projeto de pesquisa dedicado à relação da vida e da obra da cantora com a cultura popular brasileira, conhecemos o seu acervo pessoal, guardado por sua irmã, Maria Gonçalves da Silva, em Caetanópolis, MG. Composto por objetos bastante distintos (roupas, imagens e guias religiosas, troféus, fotografias, matérias jornalísticas, documentos pessoais, correspondências, entre outros), vislumbramos sua riqueza não apenas para a pesquisa que desenvolvíamos, mas para se pensar a história e a cultura brasileira. Neste sentido, atuamos junto à família, visando contribuir para que fosse viabilizado um acesso público ao acervo, com o fim não do laurear da memória da cantora ilustre, mas para que sua obra e trajetória fossem pensadas como janela para questões importantes da realidade brasileira passíveis de serem problematizadas a partir de projetos artísticos, acadêmicos e pedagógicos.  Identidade nacional, história local, cultura afro-brasileira, religiões negras, música popular brasileira, regime militar, são alguns exemplos de temas que podem ser abordados a partir do acervo. Paralelamente ao trabalho de identificação, higienização e catalogação dos objetos e documentos, foram feitos esforços no sentido de viabilizar a construção de um espaço próprio capaz de abrigar o material de forma minimamente adequada e ao mesmo tempo de viabilizar o acesso público a ele. Em agosto de 2012, foi inaugurado o Memorial Clara Nunes, que hoje se encontra em sua segunda mostra, intitulada Clara Mestiça, dedicada ao show homônimo (1981) e ao LP Brasil mestiço (1980). Pensamos as exposições como narrativas históricas construídas com recursos estéticos, tanto visuais, quanto sonoros e textuais. Nesta comunicação, propomo-nos a pensar a trajetória do trabalho desenvolvido, suas dificuldades e possibilidades futuras.


Texto completo: PDF