Sistema Eletrônico de Administração de Conferências - UDESC, III Seminário Internacional História do Tempo Presente - ISSN 2237 4078

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A alteridade entre a retórica e a semântica: Escalas do discurso sobre um fenômeno migratório
Michelle Maria Stakonski Cechinel

Última alteração: 2017-10-13

Resumo


O presente trabalho é um desdobramento inicial do projeto de tese intitulado “Trajetórias afrodiaspóricas: história e memória de migrantes ganeses em Criciúma”, aprovado no programa de pós-graduação em história da Universidade do Estado de Santa Catarina, PPGH-UDESC. Pretende-se, nesta comunicação, analisar a constituição de léxicos identitários em escalas de observações diferentes, partindo do estudo do fenômeno do deslocamento afrodiaspórico de ganesas e ganeses para a região de Criciúma, extremo sul catarinense, no Tempo Presente. Como arcabouço teórico-metodológico, utilizaremos a discussão sobre o conceito de “variações de escala” em Jacques Revel (1998) e Paul Ricoeur (2007) e os conceitos de “representação”, “evento” e “estrutura”, que evidenciam escalas temporais distintas em Koselleck (2011). O argumento da presente comunicação está dividido em três seções, que equivalem à alternância de três escalas de observação diferentes: a desconstrução de uma noção essencialista de alteridade, a partir do conceito de “super-diversidade” de Vertovec (2007); a discussão da formação de uma “semântica do pânico” (COGO, 2013), como recurso discursivo jornalístico para a representação do fenômeno das mobilidades contemporâneas e em específico o deslocamento afrodiaspórico em Criciúma, que desestabiliza a retórica da ""identidade migrante positivada"" das migrações consideradas históricas, como as dos italianos e alemães (ZANINI, 2002) ; e, por fim, em escala micro, o acionamento e a “manipulação das identidades pessoais” a partir de Goffman (1980;1985). Intenta-se, na articulação das três escalas escolhidas, compreender como os marcadores étnicos impactam na construção dos discursos sobre as migrações contemporâneas e que contrapõem com as noções positivadas das migrações históricas europeias. Parte do intento, também, compreender, por fim, como estes migrantes africanos forjam e acionam suas próprias representações identitárias em um jogo de constituição de léxicos de alteridade.


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