Última alteração: 2017-10-12
Resumo
Nesta pesquisa integrada ao projeto Patrimônio cultural e escola: entretecendo saberes investigamos as definições de patrimônio entrecruzadas com noções de memória, compreendendo que ambas se encontram circunscritas numa forma de perceber e narrar o tempo histórico. Trabalhamos no sentido de traçar um panorama das escolas públicas de Florianópolis e mapear as mudanças qualitativas para a educação a partir do diálogo entre universidade, comunidade e escola. A partir de cinco narrativas docentes pudemos inferir que as ações escolares próximas à Educação Patrimonial acontecem, ainda que não haja necessária apreensão e uso do conceito de patrimônio. A despeito de não haver um momento adequado para os professores e professoras revisitarem as suas práticas de ensino tornam-se comuns abordagens inadequadas da Educação Patrimonial, que promovem olhares turísticos e exóticos sobre as culturas marginalizadas. Assumimos que um entendimento pleno acerca do conceito é indissociável da sua contemplação histórica, e ainda que muitos dos desafios presentes na Educação Patrimonial mantêm estreita relação com os conflitos no entorno da sua conceitualização. Ao concebermos memória como a rememoração de Walter Benjamin nos posicionamos para que o ensino da História dialogue com a comunidade local e indique a subsistência de diferentes temporalidades. Sistematizamos em três momentos modificações na definição de patrimônio – de histórico artístico nacional à patrimônio cultural no Brasil – que nos permita projetar o percurso da colonialidade do patrimônio ao patrimônio decolonial. Recorremos a uma síntese no que concerne primeiro, as definições utilizadas no Brasil por agentes envolvidos com as políticas de preservação no âmbito do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, e em seguida a bibliografia acerca da intromissão da sociedade civil nas ações patrimoniais, analisando em diferentes contextos a disputa pela memória e a decorrente alteração no conceito de patrimônio.