Última alteração: 2017-10-13
Resumo
Pretendemos discutir a questão da politização dos megaeventos esportivos no Brasil, entendidos sob um contexto ímpar vivenciado recentemente pela nossa República. Para tal, examinaremos por meio dos atuais estudos sobre a história social dos esportes os discursos político-ideológicos construídos pelo jornal "Estado de Minas" durante a Copa das Confederações (2013) e a Copa do Mundo (2014), simultaneamente enquanto fonte e objeto de pesquisa. Concentramos a nossa análise em uma das cidades-sede dos jogos, Belo Horizonte, entendendo que a região revelou-se definitivamente para o mundo, seja por intermédio dos impactantes resultados presenciados dentro dos gramados, como também dos significativos acontecimentos extra-campo. Acreditamos, portanto, que os resultados obtidos nesse estudo exemplificam muito bem uma experiência histórica do Estado brasileiro de oferecer aos turistas aquilo que o próprio povo não tem. Ou seja, notam-se inúmeras permanências quando o assunto é a realização de grandes eventos pelas nossas Repúblicas, desde a sua fundação: têm-se a necessidade de projetar uma imagem positiva para o exterior, nem que para isso se sacrifique a população local. Todavia, quando se analisa o legado deixado por eles, percebe-se que continuamos a ser um país desorganizado e atrasado em inúmeras questões. Vale a pena salientar, ainda, como esses megaeventos esportivos encontram-se inseridos em uma cultura política singular do tempo presente, marcada por uma crise de representação como vimos nas manifestações em 2013. Por fim, evidenciaremos as diversas vertentes explicativas das relações de poder em torno do futebol, tendo em vista a sua imersão no capitalismo contemporâneo através da notória mercantilização e militarização dos torneios organizados pela FIFA.