Última alteração: 2021-06-16
Resumo
Este trabalho propõe-se a discutir a forma como parlamentares brasileiros mencionam a América Latina ao falar sobre autoritarismo e direitos humanos. Para pensar este assunto, parto dos Anais da Câmara dos Deputados, e o recorte cronológico escolhido são os meses de março e abril de 2014. Tal escolha se dá por se tratar do momento no qual o golpe militar de 1964 completava 50 anos e isto, juntamente com o fato de que haveria eleições gerais naquele ano e que a presidenta Dilma Rousseff, que fizera parte de grupos armados de oposição à ditadura, buscaria a reeleição, tornava o assunto bastante presente no debate público brasileiro. Não é raro que, ao defender o regime ditatorial brasileiro, parlamentares se utilizem de comparações com outros países da América Latina, em especial aqueles que possuam governos de esquerda. Quando são estes os casos, é comum que sejam feitas acusações de violações de direitos humanos nestes países como forma de relativizar – e até mesmo justificar – os crimes cometidos pelos agentes da Ditadura; também é usual que estas menções sejam feitas de forma a invocar um sentimento de anticomunismo que legitimaria o rompimento da ordem democrática ocorrido em 1964. A compreensão dos usos deste tipo de discurso torna-se ainda mais significativa no momento atual, onde vê-se a ascensão de políticos da extrema-direita, pois permite inferir sobre as possíveis relações Brasil-América Latina em governos comandados por estes indivíduos.
Palavras-chave: Autoritarismo, América Latina, ditadura brasileira, direitos humanos.