Sistema Eletrônico de Administração de Conferências - UDESC, IV Seminário Internacional História do Tempo Presente - ISSN 2237-4078

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O espetáculo da profanação: musealização de restos humanos, ética e direitos dos povos indígenas no Chile
Janice Gonçalves

Última alteração: 2021-06-18

Resumo


São apresentadas reflexões cuja origem remonta a uma viagem à região norte do Chile, entre dezembro de 2015 e janeiro de 2016, na qual pude observar diferentes formas de lidar com a musealização de restos humanos, especificamente aqueles anteriores à conquista e à ocupação do território por europeus. Não apenas foi possível verificar orientações distintas entre as instituições museológicas (quanto à manutenção das peças em seus acervos e quanto à sua exibição, em especial) como também a maior ou menor visibilidade dada à percepção dos povos indígenas contemporâneos quanto a esses materiais, ou mesmo à influência desses povos no tratamento reservado àquilo que antes era classificado apenas como vestígio arqueológico ou peça museológica. Em diálogo com bibliografia pertinente ao tema (com destaque para o livro referencial de Patrícia Ayala Rocabado, Políticas del pasado – indígenas, arqueólogos y Estado en Atacama), propõe-se enfocar algumas das tensões implicadas na abordagem de restos humanos como bens culturais – quer patrimonializados mas mantidos in situ, quer deslocados dos sítios arqueológicos onde foram localizados, incorporados a acervos institucionais e apresentados em exposições. Tensões essas consideradas nos quadros gerais das violências simbólicas cometidas contra os povos originários das Américas e não desconectadas de demandas e lutas do presente.

Palavras-chave: patrimônio cultural, museus, restos humanos, povos indígenas, Chile.

 


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