Última alteração: 2021-06-12
Resumo
Este estudo objetiva refletir sobre o papel ocupado pelas redes de mobilidade atuantes na fronteiriça cidade de Jaguarão - RS dentro da ampla agenda de resistência ao regime ditatorial civil-militar estabelecido em 1964 no Brasil. Esses grupos eram responsáveis por auxiliar na Travessia para o Uruguai daqueles, que sendo perseguidos por motivos políticos, deixavam o País. Travessia esta que está muito além de um simples transpor de fronteiras geopolíticas, sendo fruto de uma ampla rede de conexões entre diferentes setores da sociedade que vão desde a organização nacional do grupo político que organiza a rota, até simpatizantes não envolvidos diretamente com a resistência, mas que se solidarizam com a causa. Com base no mapeamento, realizado a partir de relatos orais e imprensa local, de aspectos da vida cotidiana dessa cidade, buscamos enxergar como essas particularidades afetam direta ou indiretamente a configuração e o modus de atuação das redes de mobilidade, formadas pelos mais diferentes atores sociais, atuantes nesta fronteira. Visando assim, demonstrar seu papel central na garantia do êxito da atividade de passada. Por fim, salientamos que com este trabalho desejamos apontar aspectos que fizeram com que essa pequena cidade se insira em uma lógica mais ampla estabelecendo contatos locais, estaduais, nacionais e até mesmo internacionais através destas redes, sendo de vital importância para o esquema de resistência e exílio de alguns quadros contrários ao regime de 1964.
Palavras-chave: Travessia, redes de mobilidade, fronteira, resistência, ditadura civil-militar de Segurança Nacional.