No final dos anos 1970, diversos músicos brasileiros lançaram discos independentes como estratégia de inserção alternativa no mercado fonográfico nacional e/ou como uma forma de apresentar suas criações à margem das exigências das gravadoras. Entre eles, o cantor e compositor Francisco Mário foi um dos pioneiros nessa empreitada, produzindo, gravando e lançando o seu primeiro disco solo Terra, em 1979. Formado por treze canções, o repertório da obra alterna abordagens sobre o contexto da ditadura militar e sobre a terra natal do artista (Minas Gerais). Assim, a partir do disco citado, este trabalho pretende analisar as condições e características da produção musical independente que se desenvolveu na transição entre as décadas de 1970 e 1980, incluindo aí as relações desta temática com a resistência cultural no contexto da chamada Abertura política. Além disso, pretende-se problematizar os usos e apropriações possíveis das canções como veículos de identidade e de disseminação de imaginários e discursos culturais que ajudaram a formar o contexto histórico indeterminado e repleto de lutas políticas e culturais do Brasil Contemporâneo, em especial aquele do final da ditadura e do início do processo de redemocratização política.

Palavras-chave: disco independente, resistência cultural, Francisco Mário.