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“Guevara Vivo ou Morto”: obra violentada, artista torturado
Última alteração: 2014-09-25
Resumo
No dia seguinte à morte de Ernesto “Che” Guevara, o artista visual paulistano Claudio Tozzi, que participava ativamente do Movimento Estudantil em São Paulo e do agrupamento liderado por Carlos Marighella – Ação Libertadora Nacional (ALN) a partir de 1968 –, iniciou a produção de uma obra em homenagem ao guerrilheiro argentino. Elogiado por Joaquim Câmara Ferreira, braço direito de Marighella, o “Guevara Vivo ou Morto” de Tozzi foi exposto no IV Salão de Arte Moderna do Distrito Federal, em Brasília, naquele trágico ano de 1967. A recepção ao painel foi rápida e violenta, pois ele foi parcialmente destruído através da intervenção de um grupo de extrema direita. Deste modo, analiso nesta comunicação, a partir do pensamento do fenomenólogo francês Henri Maldiney, a obra de arte como um organismo vivo, um ser marcado por sua materialidade que co-nasce e é co-presente com aquele que a vivencia. Logo, quando o trabalho de Tozzi é depredado, o que se opera é uma forma de violência política contra aquele corpo próprio da obra, em uma atitude de assinalar e exterminar tudo aquilo que é o outro, considerado subversivo e terrorista por aqueles que estavam ajustados à ditadura civil-militar brasileira. Após anos de desaparecimento, Tozzi reconstruiu o trabalho que desde meados dos anos 2000 pertence ao acervo do Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (MALBA). Assim, ali onde aparecem as cicatrizes da obra violentada está marcada a tortura sofrida pelo artista.
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