Sistema Eletrônico de Administração de Conferências - UDESC, II Seminário Internacional História do Tempo Presente - ISSN 2237 4078

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Histórias e memórias de um tempo ainda presente: gênero, infância e muitos ideais para as órfãs do Asilo de Lourdes desde 1879 até poucos dias.
Livia Gozzer Costa

Última alteração: 2014-09-25

Resumo


O Brasil ainda vivia sob as rédeas do Império de D. Pedro II quando o Asilo Nossa Senhora de Lourdes (ANSL) foi inaugurado em Feira de Santana, no outono de 1879. A ideia primeira do fundador desta obra cristã, Padre Ovídio de São Boaventura, era dar abrigo e educação às meninas pobres, órfãs e abandonadas que ele via vagar sem destino pelas ruas e estradas que entrecortavam a urbe feirense. Meninas, somente meninas abrigaria o ANSL. Muito distante de ser apenas uma instituição de recolhimento e educação, o asilo simbolizava o desejo de conservar um ideal de mulher cristã em meio aos “perigos” que cercavam as moças. Durante a permanência, as órfãs trabalhavam e estudavam para que no máximo aos 21 anos elas pudessem deixar a instituição com um casamento arranjado, para serem empregadas domésticas requintadas em casas de famílias abastadas ou preparadas para trabalharem no próprio asilo como professoras. A menina Maria Alves dos Santos extrapolou essas expectativas: natural da Chapada Diamantina, Bahia, a jovem surpreendeu as senhoras administradoras do asilo com um desempenho escolar admirável aliado ao bom comportamento, o que lhe garantiu um auxílio para estudar na Escola Normal, afim de obter carta de aluna-mestra. A órfã Maria foi uma destas garotas normalistas em formação responsável por dar continuidade a uma espiral histórica da qual ela foi protagonista duas vezes: vítima de abandono e depósito do futuro da nação. Parafraseando Georges Duby, a História continua...

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