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A trajetória de vida dos indivíduos fornece pistas para identificar as articulações entre os posicionamentos pessoais e coletivos diante do mundo que habitam. Nesse sentido, os percursos de mulheres transformam-se em recursos metodológicos para conhecer os universos sociais, culturais e políticos de uma época, possibilitando determinar as aproximações e os afastamentos de suas posturas e atitudes do modelo de feminino e de feminilidade dominantes nos períodos de suas existências e performances. O texto assume o objetivo de analisar a trajetória de vida de Nair de Teffé, para perceber como a personagem vivenciou e explorou os modelos de comportamentos preconizados ao gênero feminino no final do século XIX e início do século XX. Como mulher e esposa de Hermes da Fonseca, presidente da República, Nair escreveu uma página importante da história das mulheres no Brasil ao transformar-se na primeira caricaturista; ela também produziu escritos sobre si. Para recordar os fatos políticos com os quais conviveu e dos participou na posição de primeira-dama, escreveu a obra “A verdade sobre a Revolução de 22”. . Portanto, mostraremos que, nas memórias produzidas por uma mulher, como fabricações e registros de um percurso no tempo e no espaço, estão as lembranças de uma trajetória de gênero.