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O Clã Gracie e a invenção do Jiu-Jítsu brasileiro: identidade, performance e cultura, 1905-1993
Última alteração: 2014-09-25
Resumo
A prática do jiu-jitsu, arte marcial japonesa chega ao Brasil no início do século XX incentivada pela intelectualidade republicana como estratégia de promover atividades eugênicas de cunho modernizante. Na impossibilidade de promover a capoeira, que simbolizava um passado recente incômodo e estava associada à criminalidade e à escravidão o jiu-jítsu poderia ser o futuro. Atraídos pelas performances japonesas membros de uma família pretensões aristocráticas, os Gracie, que doravante se auto investem no papel de principais recipientes da técnica japonesa. Isto resulta em um processo de aculturação abrangente em um modelo análogo ao sugerido por Appudurai no processo de indigenização do Críquete na Índia. O fenômeno ensejou uma análise pelo viés teórico de Bourdieu que enfatiza a simbiose entre esporte e classe. A aculturação do jiu-jítsu culmina com sua modelagem à imagem e semelhança da cultura local sob influência do nacionalismo e patriarcalismo forjados em desigualdade e violência. Recentemente o jiu-jítsu brasileiro foi exportado em escala global dando origem a uma indústria de performance violentas em um processo similar ao proposto por Archetti sobre a exportação de híbridos argentinos. O trabalho foi resultado de pesquisa em arquivos no Brasil, Estados Unidos, Japão e Escócia e analisa como setores tradicionais da elite brasileira importaram e reinventaram tendências globalizantes como contraponto na formação de uma identidade brasileira contemporânea.
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