O presente estudo objetivou identificar alguns dos sentimentos e sensações que permearam as práticas pedagógicas de alfabetizadoras de dois municípios do Rio Grande do Sul, nos primeiros meses de implementação do ensino remoto. Para tanto, seu objeto de estudo foram as narrativas destas professoras, presentes em cartas virtuais, produzidas e compartilhadas durante um curso de formação continuada, no ano de 2020. A pesquisa qualitativa, de cunho documental, contou com um corpus de 85 cartas, das quais foram selecionadas 7 como representativas das narrativas mais recorrentes. Os achados possibilitaram constatar que os sentimentos de medo, tristeza, solidão, a sensação de incapacidade para alfabetizar e a preocupação com o trabalho e com a saúde coletiva imperavam entre as professoras. Contudo, as trocas de experiências, de práticas e de sentimentos, por meio das cartas virtuais, não só trouxeram segurança e motivação, mas também inspiraram outros/novos fazeres docentes alfabetizadores em tempos pandêmicos, o que  corrobora a relevância da dialogicidade na formação continuada de professores e reitera a necessidade de ações formativas em tempos tão díspares.