Última alteração: 2017-10-16
Resumo
Este artigo tem o objetivo de analisar alguns aspectos que levaram à prisão de comunistas: acusação, militância, histórico, ligações e motivações das autoridades encontrados no processo crime n. 227, aberto em 18 de outubro de 1937 pelo Tribunal de Segurança Nacional. Esta análise possibilita a compreensão de um período da história brasileira em que os comunistas foram utilizados como “ferramenta arrivista” pelo governo Vargas na proclamação do Estado Novo. Compreender os processos políticos, sociais e culturais que envolveram a ditadura Vargas significa revisitar a História do Brasil no Tempo Presente na tentativa de compreender questões que se formulam em nossos dias. Como as diferentes gerações compreendiam as questões que os impulsionavam nas lutas sociais? Elizabeth Cancelli enfatizou a urgência de novas pesquisas históricas sobre a violência na vida política brasileira, apontando que os anos Vargas e a ditadura militar no Brasil “deixaram uma herança muito grande em nossa cultura política, infelizmente. Houve, entretanto, rupturas e continuidades. Outra questão é analisar o processo como um lugar de reprodução de diferentes tipos de discursos. Desta forma, é preciso reconhecer que todo processo é intercalado por discursos de polícia, documentos governamentais, leis, decretos, regulamentos, ou seja, as falas oficiais. Outra possibilidade é pinçar elementos dentro das fontes que nos permitam conhecer uma dada “estrutura de sentimento”. Para tanto é necessário observar como uma reflexão abrangente sobre a sociedade é constituída a partir de elementos derivados de uma estrutura mutável na qual ações e comportamentos diversos ganhavam coerência e consistência. Os atores envolvidos não eram só comunistas eram pais de família, líderes sindicais, trabalhadores, políticos, militantes, possuem valores, medos, ansiedades, certezas, dúvidas, preconceitos, desconfianças, experiências, expectativas, ideias, etc.