Última alteração: 2017-10-12
Resumo
Pretendemos com este artigo demonstrar que a divisão social do trabalho nos assentamentos rurais em Mato Grosso do Sul é mantida por uma forma tradicional de relações de gênero que influi no comportamento e nas relações socioeconômicas daqueles que lutam pela terra. Objetivamos também destacar que as mulheres assentadas mantém um diálogo, que tem fortalecido as formas organizativas de trabalho no campo e fomentado os seus processos de empoderamento cognitivo, político e econômico. São mulheres buscando espaços de ação, nos quais podem tomar decisões, fazer escolhas e assumir compromissos jurídicos e políticos, por meio de suas demandas sociais e das políticas públicas criadas a partir de suas lutas. Pouco se tem pesquisado sobre a história dessas mulheres, sobretudo as questões que envolvem as relações de gênero presentes nos assentamentos, que poderia e/ou deveria ser de vanguarda, mas que guarda comportamentos patriarcais. Há poucos avanços, como tem mostrado alguns estudos, o que sinaliza que as relações de gênero entre os assentados podem se transformar em barreiras para que as mulheres do campo legitimem a posse das terras nas quais vivem e trabalham. Entendemos que ressaltar esse processo histórico tornará possível compreender um universo encoberto por comportamentos sociais marcados pela dominação masculina e pelo culto da domesticidade, ainda tão presentes em nossa sociedade, visto que estas histórias de um tempo presente, repleto de intensidade, possibilita desvelar as pautas e conquistas femininas num mundo em constante transformação.