Última alteração: 2017-10-13
Resumo
Uma das mais importantes revistas culturais da Argentina no século XX e uma das mais significativas publicações latino-americanas desse tipo na segunda metade do século passado, Punto de Vista, publicada entre 1978 e 2008, desenvolveu, durante a sua circulação, um projeto de crítica política da cultura atento à crítica cultural e literária, à produção ensaística e em periódicos, aos saberes e aos debates específicos como os da Psicologia/Psicanálise e da Arquitetura e aos outros objetos da cultura como as artes plásticas, o cinema, a fotografia, a música, os meios de comunicação e a indústria cultural. A revista também problematizou a atuação dos intelectuais enquanto intérpretes da cultura e da política diante dos desafios e das transformações locais e internacionais dos anos 1970 em diante. Pretende-se, neste estudo, analisar a preocupação do periódico em avaliar e problematizar a atuação em sociedade de indivíduos e de grupos voltados à produção de interpretações em diversas áreas do conhecimento, bem como discutir a atenção conferida pela publicação aos sujeitos envolvidos com a crítica ao status quo e com a participação política em sentido mais estrito, aquela efetivada nas ações públicas de intervenção em debates e em causas relevantes. Nesse sentido, os intelectuais e as culturas políticas, especialmente os da Argentina e em alguma medida os da América Latina e de outras regiões, não escaparam à revista como objetos. Intenta-se explicitar como houve em Punto de Vista tanto um esforço para a compreensão desses problemas quanto um posicionamento gradativo da revista em relação ao conjunto de argumentos disponíveis e em discussão em sociedade, constituindo-se paulatinamente uma leitura dos agrupamentos e dos intelectuais de esquerda no que tange às suas vinculações com uma cultura política plural na Argentina.
Palavras-chave: intelectuais; cultura política; Punto de Vista; história da Argentina.