Última alteração: 2017-10-13
Resumo
Este artigo tem como base experiências de trabalho em projetos de identificação e salvaguarda do patrimônio cultural de comunidades afro-brasileiras entre 2014 e 2016 e pretende problematizar a eficácia dos instrumentos de patrimonialização diante das demandas de grupos historicamente marginalizados em suas memórias. Assim, a partir da apresentação dos processos de Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC, instrumento de identificação elaborado pelo IPHAN) do Jongo no Espírito Santo e do Mapeamento dos Terreiros de Laranjeiras/SE (supervisionado pelo IPHAN), analisaremos a abordagem patrimonial às práticas religiosas e culturais afro-brasileiras e os questionamentos apresentados por seus detentores e praticantes, especificamente no que diz respeito aos ganhos efetivos dessas comunidades com referência às múltiplas formas de preconceito ainda observáveis na atualidade. Dito isso, a reflexão aqui proposta será norteada pelas seguintes questões: Qual o grau de adequação dos instrumentos de identificação e salvaguarda, tais como propostos pela política brasileira de proteção do patrimônio cultural, às especificidades das formas de organização cultural e religiosa das comunidades afro-brasileiras? Como a forma de instrução dos processos técnicos influi nos resultados obtidos nos trabalhos de campo? Os produtos finais desses projetos suscitam ações que transbordam o âmbito institucional dos instrumentos utilizados? Busca-se, com isso, propor formas de potencializar a contribuição dos instrumentos e das políticas patrimoniais para as pautas das comunidades afro-brasileiras.
Este artigo tem como base experiências de trabalho em projetos de identificação e salvaguarda do patrimônio cultural de comunidades afro-brasileiras entre 2014 e 2016 e pretende problematizar a eficácia dos instrumentos de patrimonialização diante das demandas de grupos historicamente marginalizados em suas memórias. Assim, a partir da apresentação dos processos de Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC, instrumento de identificação elaborado pelo IPHAN) do Jongo no Espírito Santo e do Mapeamento dos Terreiros de Laranjeiras/SE (supervisionado pelo IPHAN), analisaremos a abordagem patrimonial às práticas religiosas e culturais afro-brasileiras e os questionamentos apresentados por seus detentores e praticantes, especificamente no que diz respeito aos ganhos efetivos dessas comunidades com referência às múltiplas formas de preconceito ainda observáveis na atualidade. Dito isso, a reflexão aqui proposta será norteada pelas seguintes questões: Qual o grau de adequação dos instrumentos de identificação e salvaguarda, tais como propostos pela política brasileira de proteção do patrimônio cultural, às especificidades das formas de organização cultural e religiosa das comunidades afro-brasileiras? Como a forma de instrução dos processos técnicos influi nos resultados obtidos nos trabalhos de campo? Os produtos finais desses projetos suscitam ações que transbordam o âmbito institucional dos instrumentos utilizados? Busca-se, com isso, propor formas de potencializar a contribuição dos instrumentos e das políticas patrimoniais para as pautas das comunidades afro-brasileiras.