Última alteração: 2017-10-13
Resumo
O presente artigo tem como objetivo compreender como os sambas-enredos do grupo especial do carnaval carioca, entre os anos de 1980 a 1990, acionaram aspectos do passado e projetavam uma expectativa de futuro para a sociedade brasileira. Os sambas-enredos selecionados pertencem às escolas de samba da periferia da Zona Norte do Rio de Janeiro, que expressavam seus lamentos, reinvindicações e visões acerca do cenário político através dos desfiles carnavalescos. Vale pontuar que as agremiações de carnaval não estavam alheias às questões políticas do período. Caprichosos de Pilares, Imperatriz Leopoldinense, Império Serrano, Mocidade Independente de Padre Miguel, Portela, Unidos do Cabuçu, Unidos da Tijuca, Unidos de Vila Isabel, levaram à Marquês de Sapucaí as suas projeções de futuro que pleiteavam questões básicas de sobrevivência, como alimentação, saúde, educação, moradia, dentre outras questões. A década de 1980 é emblemática, pois o Brasil atravessou diversos acontecimentos políticos, dentre os quais se destacam a redemocratização, a Constituinte (1987-1988) e a eleição para Presidência da República (1989). Durante as análises, utiliza-se o samba-enredo, gênero musical que carrega consigo intencionalidades e um discurso que ambiciono identificar, compreender e problematizar. Mediante tal proposta, busca-se um diálogo com os teóricos Jörn Rüsen (1994), Reinhart Koselleck (2006) e Marcos Napolitano (2005). Tais estudiosos, respectivamente, nos fornecem os subsídios necessários para o debate das categorias de cultura histórica, espaço de experiência e horizonte de expectativa, e por fim, um arcabouço metodológico para se trabalhar com a música.