Última alteração: 2017-10-15
Resumo
O objetivo deste trabalho é analisar, em diálogo com a História do Tempo Presente, como algumas narrativas produzidas e veiculadas por mídias digitais locais de Florianópolis, como Diário Catarinense e Notícias do Dia, tratam as interferências artísticas contemporâneas de graffiti realizadas em 2013 na fachada do Armazém Vieira, patrimônio cultural da cidade. Entre os grafiteiros envolvidos, alguns se utilizaram de elementos artísticos referentes à Franklin Cascaes, que por sua vez remete à cultura açoriana local, gerando embates a favor e contra tais interferências, juntamente com as decorrentes discussões associadas à uma prática cultural tida como marginal, no caso do graffiti, discussões relacionadas a arte e a criminalidade. Considerando o contexto da pós-modernidade, apresentado por Stuart Hall (2006) em que as sociedades modernas sofrem constantes mudanças, as quais influenciam nas identidades pessoais desencadeando o processo de “crise de identidade”. É preciso também trabalhar com as memórias discursivas e as diferentes identidades culturais dentro do próprio graffiti, juntamente com a discussão de relações de poder e resistência que perpassam essa prática. Discussões sobre tempo e patrimônio de Hartog (2006), memória (ROUSSO, 2014), bem como as de pluralidades no que diz respeito aos espaços, sujeitos, saberes, ideias e comportamentos nos espaços praticados das cidades (CERTEAU, 1994). Considerando também o posicionamento de Koselleck (2014) para com as artes, dentro de uma perspectiva temporal onde se reconhece os estratos do tempo, que permite o entendimento das rupturas e permanências culturais e de apropriações entre artistas distintos e separados temporalmente, como no caso de Franklin Cascaes e os grafiteiros contemporâneos.