Última alteração: 2017-10-15
Resumo
Este trabalho busca analisar rastros de leitura nos livros que compõem o acervo pessoal de Eglê Malheiros Miguel, já catalogado, do Instituto de Investigação e Documentação em Ciências Humanas, em Florianópolis, Santa Catarina. O trabalho faz o repertório do acervo da intelectual catarinense e evidencia rastros de práticas de leitura presentes nos livros de História da biblioteca pessoal Eglê Malheiros, mais especificamente a partir de assinaturas e das dedicatórias registradas em suas páginas, usos que indicam uma história da leitura e da cultura escrita. O recorte temporal inicia em 1927, ano de registro de um rastro de leitura do pai de Eglê, Odílio Malheiros, até 2013, ano de doação do acervo pessoal de Eglê Malheiros e Salim Miguel para o IDCH. Eglê Malheiros é uma intelectual que realizou atividades culturais junto a um grupo diverso de pessoas, cuja presença na sociedade florianopolitana tem grande relevância. É possível considerar Eglê Malheiros como uma intelectual mediadora, a partir do conceito de Ângela de Castro Gomes (2016), visto que a poeta ocupou cargos em instituições culturais e participou de associações políticas, possuindo um lugar de distinção numa rede de sociabilidades, criando condições favoráveis aos projetos de mediação cultural. Trazer tais discussões ao presente, substantiva-se no fato de estarmos vivenciado o que o historiador francês François Hartog (2006) explica como sendo um regime de historicidade presentista. Nesse sentido, a elevada preocupação com a salvaguarda tem, no presente, o significado de uma tentativa de diminuir rupturas com o passado que a sensação de aceleração do tempo ocasiona. Nessa lógica, arquivos ganham contornos proeminentes e o ato de guardar significa a tentativa de fugir do esquecimento e pontua a particularidade que está baseada a existência de acervos, tal qual o acervo pessoal de Eglê Malheiros.