Última alteração: 2017-10-14
Resumo
Autor, roteirista, diretor e ator de duas das séries televisivas de maior sucesso comercial na América Latina – Chaves e Chapolin Colorado -, Roberto Gómez Bolaños (1929-2014) ganhou ampla notoriedade nos círculos midiáticos como o principal idealizador das obras em questão. Todavia, este trabalho busca compreender a sua trajetória por um viés ainda pouco explorado e que entrecruza-se com sua própria produção cultural: a sua agência política em defesa de valores e princípios católicos. Portanto, para os fins aqui expostos, promover-se-á a crítica documental da sua autobiografia, Sin Querer, Queriendo, publicada no ano de 2006. Buscando promover um diálogo entre as contribuições de um conjunto de autores que desenvolveram estudos a respeito das particularidades do gênero biográfico – tais como Pierre Bourdieu, Giovanni Levi, François Dosse e Sabina Loriga – e o ferramental teórico expresso pelo conceito de cultural política na acepção do historiador Serge Berstein, este trabalho visa promover uma análise crítica da narrativa criada por Roberto Gómez Bolaños na referida obra em torno da sua própria trajetória de vida, explorando problematizar a mesma a partir de determinados recursos como a construção de silêncios, seleção de memórias e sentidos. Assim, nossa hipótese sustenta-se na percepção de que tal narrativa é consubstanciada principalmente por um conjunto de referências, representações de valores e críticas voltadas a certas práticas sociais e instituições políticas que remetem a uma cultura política católica conservadora, sendo que Bolaños manteve-se enquanto um defensor deste conjunto de princípios ao longo de boa parte de sua vida pública.